Este é o nome da terceira parte de pastoral americana de Philip Roth, o primeiro de uma trilogia informalmente criada pelos críticos onde o autor questiona o American Dream e o American Way Of Life, a partir da década de 50 com a guerra fria. Casei-me com um comunista e a Marca humana a completam. Não terei tempo de terminar o livro antes da crônica desta semana. O Sueco, personagem (o sonho americano), acaba de conversar com Jerry por telefone, seu irmão, depois de encontrar com a sua filha Merry (a derrocada) sobrevivendo numa velha construção abandonada.
A caminho lento da morte.
A angústia do enredo decorre da busca incessante em saber exatamente onde os Estados Unidos teriam se perdido e quais teriam sido os verdadeiros motivos. Ou se tudo teria sido – por outro lado – apenas parte de um sonho cuja realidade o explodiu violentamente. Não, não vou escrever uma resenha em vez da crônica. Embora com parágrafos muito longos, é seguramente um dos melhores livros que leio.
É muita genialidade para um escritor só. Estou quase desmarcando compromissos para terminar a leitura; o que obviamente não farei porque preciso também de outras atividades para continuar sendo uma pessoa normal que escreve crônicas normais.
Conversar com amigos tem sido – ultimamente – uma necessidade vital pós pandemia. Também para as pessoas com as quais tenho conversado. Voltei à minha dentista predileta; enfim. Os churrascos estão voltando. A mesa quadrada com copos e amigos redondos também. Semana passada conheci um jovem chamado Jamal que segue uma canal no Youtube destinado a divulgar os anos 90 aqui no Brasil. Depois de pensar e não perguntar se ele queria ser um milionário dou-me conta que é um canal que conta a nossa história e não nós mesmos; vivos.
Foi a primeira vez que ouvi de um jovem que teria vontade de ter vivido nos anos 90, ou que os admira a ponto entrar no DeLorean e passar algum tempo por lá. Tem certeza meu amigo que você seria capaz de conviver com beeps, startacs e o super Mario? Lembro-me de querer andar de vespa e jaqueta de couro quando vi os Anos Dourados na televisão. Não sei dizer qual foi o sonho brasileiro da década de 50, se é que tivemos algum. Talvez porque já o vivíamos glamourosamente. Sei dizer que quando os anos 90 irromperam eu tinha 15 quinze anos.
A política não estava entre nossas maiores preocupações, pelo que pagamos um alto preço depois.
Sei que era feliz com Startac e com o Mário. Que Mário? Lembra dessa piada infame? Esqueça essa última parte, era só mesmo uma piada idiota da época. O foco da nossa geração era entrar para faculdade e arrumar um bom primeiro emprego. Os pais já não determinavam a escolha de nossas carreiras; tua escolha, teus riscos. O Sonho era individual por assim dizer. Se fizéssemos a nossa parte (estudar, trabalhar, honrar pai e mãe) estaríamos contribuindo com a parte que nos cabe nesse latifúndio.
Havia um senso até comum de que era necessário sacrificar o presente em prol de um futuro melhor (um bom emprego), embora essa percepção jamais tivesse nos impedido de viver, digamos, plenamente, ao ponto de que a renúncia suplantasse a alegria. Como não ser feliz ao ouvir pela primeira vez Nirvana, Alice in Chains e Pearl Jam; quando o grunge estourou aqui no Brasil? Meu irmão trouxe os CDs depois de um intercâmbio na gringa.
Geração boa é aquela da qual você faz parte.
Torna-se um paraíso perdido quando a renegamos.
Quando eu poderia imaginar que o bebê de Nevermind processaria o Nirvana pela exposição de seu pipi? Ou por estar correndo atrás do dólar? Eu ainda não li o processo e não sei precisar se o motivo é o pipi exposto ou a busca pelo dinheiro desde a tenra idade.
Posso dizer com segurança: nunca zoamos aquele pipi!!
Nunca! Se havia algo de revolucionário ou que o grunge tenha nos apoiado em alguma luta, em alguma causa? Não me parece.
A nossa batalha era fazer o que tinha de ser feito e seguir em frente.
Aqui estamos.
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