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Geraldinho no Wirso

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 12 de mar. de 2022
  • 2 min de leitura

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Este é o Geraldinho. O da foto acima.


Eu não tinha qualquer tema da crônica até ele aparecer entre as mesas. Eu nem mesmo sabia se escreveria hoje depois de mais uma sexta-feira. Ele percorre os bares de Limeira numa carriola com mandioca e quiabo.


Magro.


Chapeleiro.


Todos o conhecem; aos poucos vão comprando o fruto de seu suor. Do seu sítio para a cidade. Hoje o encontrei depois de algumas semanas, lhe devia um maço de quiabo. Ele não lembrava...Eu sim. Dizem que uma pequena garrafa de cachaça o acompanha. São boatos. São dizeres que não se confirmam. Do Barzão ao Guia. De leste a oeste, deve andar uns quinze quilômetros por dia. Quiabo e mandioca. É fresca. Não precisa colocar na pressão, diz. Em poucos minutos quase nada mais havia na carriola. Eu tento agora achar um significado heroico, um sentido mais forte que me impulsionasse a escrever algo muito bom com base no Geraldinho.


Uma lição de vida. Uma inspiração talvez.


Algo como “ele trabalha enquanto estamos aqui a sorver a vida”. Geraldinho está faturando. No final do dia encontro um amigo, entre queijos e vinhos do Vacão, o empório. Ele me pergunta se continuo a escrever as crônicas.


– Sim, mas não as divulgo como deveria.


– Por que?


-Tenho dúvidas de que sejam úteis de alguma forma.


Não sei bem de onde tirei que meus textos precisem ser úteis. Façamos uma pausa. Vou dormir e amanhã quando acordar eu termino. Café com chuva neste sábado. Bar do Wirso estava lotado ontem, pessoal da linha de frente, o Alcir, a Laine, o Marcelo e o Raimundo foram guerreiros. Meus queridos amigos Regis e Mário, da Serafins Vinhos, deixaram seus vinhos lá para a venda. Como será colocar vinho para vender em bar de cerveja? Não sabemos, nem arriscamos fazer previsões. Vamos aguardar. Bom, no cardápio tem bolinho de bacalhau e porpeta. Covid nos deixou em paz, como é bom voltar a reunir amigos de novo, dar risadas, fazer piadas, tornar à mesa farta de histórias. Ver o Geraldinho faturando. Não deve ter sido fácil para ele quando tudo estava fechado, com as pessoas surtando dentro de casa.


Seguir a vida com as insanidades mundiais parece ser o caminho; Putin bombardeia a Ucrânia no exato momento em que tomávamos uma dose de campari. Outro amigo meu – do ramo de fertilizantes – me conta que não já não encontra mais produtos para revender para seus clientes produtores rurais. Faturamento de sua empresa despencou. Nada fácil meu caro, vai passar. Geraldinho precisa plantar sua mandioca e seu quiabo. A vida que tenta seguir normal numa sexta-feira enquanto as insanidades vão nos afetando e delas nos esquecemos por algumas horas.


Mandioca e quiabo.


Vai Geraldinho!!

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