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e na outra...

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 30 de out. de 2020
  • 3 min de leitura
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Se podcast fosse comida ele seria a farofa.


Versátil e companheira. De ovo, com bacon, doce ou de banana.


Aquela de improviso então, juntando porçõezinhas da geladeira, são as mais surpreendentes. Não ficou tão boa? Joga mais um trem que logo você a ajusta. Eu geralmente ouço os meus enquanto faço alguma atividade paralela ou para preencher um tempo que parece estar à toa.


Um tempo que parece estar à toa é aquele em que você está perdido. É aquele momento em que você está descansando, mas pretende atribuir-lhe alguma utilidade. Que Domenico de Masi não nos ouça. Tipo, se pegar no sono ou se tocar o telefone você continua a ouvir depois. Recentemente descobri um que se chama “Buongiorno São Paulo”, que é gravado diretamente da Praça Benedito Calixto em São Paulo.” O mote é: Il podcast degli Italiani in Brasile e America Latina.


Fantástico. O último foi sobre a Bárbara, italiana há muito radicada no Brasil, vinda de Milão, que trabalhou na Rocinha por quinze anos e depois foi para o Sul da Bahia. De lá, especificamente de Arraial d` Ajuda, conversou com o Alessandro e o Federico. Ouçam qualquer hora. É sempre muito curioso saber o que os estrangeiros pensam do Brasil. Em dado momento ouvi:


“Vivere in Europa é bello, ma é una merda”.


Vivere in Brasil é bello, ma é una merda.


Logo depois a Barbara citou Tom Jobim: "Brasil não é para principiantes”. Cadê o Arnaldo Jabor que eu nunca mais vi nem ouvi? A frase é ótima. Genial. A conclusão depende do que você entende por belo e por merda dentro de seu universo. Infelizmente nenhum exemplo me ocorre agora. O que você não sabe nem sequer pressente é que os escritores não geniais também têm coração. Fazia algum tempo que não o ouvia.


Bom, aqui terminaria a crônica se não fosse o meu mais novo método para seguir escrevendo mesmo sem ideias. Você esperava alguma continuidade da história do podcast, né? Alguma história de quando estive na Itália ou alguma divagação sobre as mazelas do Brasil, certo? Não vai rolar. Se fosse nessa linha eu jogaria a crônica para mais uma hora de elucubração, sopesando belezas e merdas brasilianas; merdas e belezas europeias. Teria primeiro que, filosoficamente, definir o que é merda e o que é belo. Mais ainda, teria que fazê-lo sob a ótica do idioma italiano.


Sim, a frase foi dita por um italiano em italiano.


Radicado em São Paulo. Vai vendo o espectro.


Resta óbvio que isto não está ao meu alcance intelectual. Sobretudo porque que já é véspera de Sábado e ouço Tom sem uísque. Jabor tá sumido mesmo, não? A técnica é a seguinte. As palavras pululam e eu escrevo. Eu descobri um site que gera palavras aleatórias e, sinceramente, tive a mesma sensação de quando comprei um esquadro para marcenaria. Esta é uma outra história, por ora devo dizer que quase todos os meus problemas acabaram depois que eu o comprei para fazer as minhas bagunças em madeira aqui em casa. Da Vonder!


Sem receio de ser banal posso afirmar que foi um dos momentos mais felizes da minha vida. Nos demos tão bem, rolou uma sinergia tão boa, que eu não quis que ele ficasse na caixa de ferramentas junto com as demais. O coloquei entre os livros; no canto da biblioteca. Na hora pensei em Leonardo da Vinci. Pena que a crônica está acabando e eu não terei tempo de contar a viagem em que eu conversei com ele, com o Leo. Teria que ser uma crônica só para ele.


Bom, serão cinco palavras aleatórias. Já volto. Vou colocá-las em sequência: TREMOR – OCIDENTE – FOTOS – AMOR – SIGNIFICADO. Uma frase com todas e encerro. Não é possível seguir ouvindo Tom Jobim tomando água.


Foi durante aquele tremor no Ocidente que eu descobri o significado do verdadeiro amor. Dele não tenho mais fotos; só a lembrança dela dançando seminua na cozinha com uma colher de farofa na mão e, na outra...


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