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a higher call

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 25 de set. de 2021
  • 3 min de leitura

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Depois de Unbroken, de Laura Hillenbrand, leio meu segundo livro de histórias sobre a segunda guerra mundial, A Higher Call, de Adam Makos, que conta o embate aéreo entre dois pilotos, Charlie Brown e Franza Stigle, americano e alemão respectivamente, no final de 1943. É infinita a quantidade de livros sobre a segunda guerra. De filmes e séries também. O último que assisti na Netflix foi The defeated.


Enquanto escrevia Hannah, meu primeiro livro, que narra o drama e a vida das pessoas que vivem num pequeno vilarejo ao Sul do país, onde o ponto de encontro entre todas as personagens é a segunda guerra, as ideias vinham dos filmes, série e documentários. Ah, também de um livreto chamado “A compacta história da Segunda Guerra”, de Evans e Gibbons.


Mas não é de guerra que iremos falar.


É de paz mesmo, não exatamente a tranquilidade que me habita enquanto ouço Stancey Kent ao final de um dia tenso, mas a que tive quando pela segunda vez um mesmo episódio me aconteceu na semana passada. Na crônica anterior tocou o telefone e eu, já passando das quinhentas palavras, simplesmente a terminei sem contar enfim o que me tinha acontecido de tão “simples e grandioso”.


Como deve ser. Com um ponto final.


Eu sou fã do ponto e vírgula; é de uma elegância e uma indecisão tão precisa que por vezes é o único que expressa verdadeiramente as nossas emoções. Mas às conclusões, os formais encerramentos que somos obrigados a fazer em nossas vidas, se impõem mesmo o ponto final.


Pensando bem, nossas decisões diárias poderiam ser classificadas em vírgula, ponto-e-vírgula e ponto final. É simples, nada há de filosófico.


Há o que se termina.


Tomei um café. Li um livro. Morri.


Há o que se pausa mas deve continuar; o trabalho; o jogo; a missa.


Há, enfim, a necessidade de, pausadamente, nos explicarmos quando somos pegos com a mão na massa. Nesta massa cada um bota o que quiser. Voltando, então, meu primo me mandou essa depois de ler a última crônica:


- Uai, quando estava ficando bom, acabou...


Eu que não gosto de deixar as pessoas curiosas logo lhe respondi


Continua, fique tranquilo.


E cá voltei para enfim lhes contar o evento daquela quarta-feira. Dei-me conta de que não tinha contado o horário. Estava tão focado na repetição do evento em si que deixei de falar sobre o momento exato do ocorrido. Não é informação irrelevante. Não raro o horário de um fato é enfaticamente mais importante do que o próprio fato. Tome-se um homicídio consumado por exemplo. É imprescindível descobrir o horário em que ocorreu para que os álibis sejam checados. E, a despeito da exata coincidência entre os eventos, dei-me conta de que neste último faltou-me por um instante a visão; um flash de inconsciência.


Tomei-os exatamente iguais porque, em essência, surtiram o mesmíssimo resultado quântico. O primeiro episódio se deu logo nos primeiros momentos do dia; na alvorada. E, este segundo, no lusco-fusco daquela quarta-feira seca e quente, não exatamente doze horas depois. Tivesse acontecido com esse intervalo provavelmente eu mesmo nem lhes contaria nada a respeito; receoso mesmo que alguma intervenção divina viesse a me dar um sinal sobre o porvir.


Se bem que, quando ocorreu pela primeira vez, lembre-se, nas têmperas de minha juventude, poderia ser classificado como intervenção divina; desta vez não. Naquela época tinha outro entendimento acerca da real participação das divindades nesta nossa vida concreta e redonda e, assim, o milagre passou despercebido.


Enfim, registremos.


O primeiro se deu no início do dia, com a brisa leve e fresca e o segundo ao final de uma jornada, na seca árida de uma quarta-feira.


Preciso buscar minha filha no Shopping Center...

 
 
 

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