300
- Carlos Camacho

- 15 de ago. de 2020
- 3 min de leitura

Percebi que os leitores raramente saem do insta para ler as crônicas postadas no blog. Visitam o perfil mas raramente chegam a acessá-las. Logo entendi que uma boa solução seria o arrasta pra cima. Que pueril. Que idiota. Como se arrastar pra cima fosse para qualquer um. Somente a conta com mais de dez mil seguidores tem essa prerrogativa.
Quer dizer que os 300 que me seguem hoje não merecem ter o benefício do arrasta pra cima?
Não. Não pela lógica atual.
Nós nos perdemos no caminho em algum momento. Imagine se eu fizesse uma palestra para esse público. Um estouro. Um sonho falar para 300 pessoas me aplaudindo de pé, ovaciando...Uhuuuuuu!!! Juntar 300 pessoas no mundo real é um fenômeno! Uma palestra para, digamos, 50 pessoas, é uma bela de uma plateia. Numa sala de cinema - das grandes - cabem cerca de 200 pessoas.
Ler uns textos e debater com 300 pessoas sobre literatura: um mega evento. Eu já me contento falando pra mim mesmo e para as minhas filhas. Falar para meus amigos num churrasco já é acontecimento.
Percebi que engajamento gira em torno de 10% do número de seguidores. Isso significa que quem tem 10 mil seguidores na verdade tem 1.000 engajadores. Eu teria 30. Se bem que os seguidores iniciais, família e amigos, tem engajamento maior do que "desconhecidos".
A primeira live tinha 20 pessoas durante uma hora. Foi um êxtase só! É um erro achar que você precisa se orgulhar só depois dos 100, 200, sei lá quantos engajadores. Outro dia vi numa live um cidadão contando quantas pessoas tinha e se vangloriando enquanto todos iam penetrando em seu ambiente. Quase enviei solicitação para participar da live, algo como:
- Meu amigo, se você fala para vinte esperando falar para cem, significa que você não merece falar para esses vinte aí. Sabe quem é o número 7? A tua tia, a Neusa, aquela que ficava com você enquanto sua mãe trabalhava. Fazia aquele bolo de laranja que você comia com maionese. E o número 19 sabe quem é?
- Não sei.
- Nem queira saber.
- E o 13 sabe quem é?
- Não faço a menor ideia.
- É o Jackasola, que você encheu de porrada na escola porque ele te deu quindim recheado de formiga.
Números. Números? O problema está na expressão seguir. É um termo muito forte. Seguir uma pessoa pressupõe ouvi-la. Seguir seus passos. Discípulos seguem profetas. Torcedores seguem seus times seja lá onde joguem. Seguir uma pessoa significa que você admira as suas ideias e os seus passos. Aí obviamente demonstrei minha indignação para um amigo, que logo retorquiu:
- Carlão, mas você pode comprar da China dez mil seguidores.
- Mas onde eu vou botar dez mil ? Transporte, alimentação e estadia... Vai sair uma fortuna! Tô fora. Meu blog é um hobby, eu escrevo porque assim me finjo importante, me finjo escritor, me distraio. Ela tem a mesma função que o sorvete para a criança; a paisagem para o pintor.



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