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a próxima então!

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 18 de jul. de 2020
  • 2 min de leitura

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- A próxima crônica está ótima!

- Como assim, você começa um texto falando do próximo? E todo aquele papo de viver o presente, de focar as energias no agora, afinal a próxima somente será postada no próximo sábado! Daqui a uma semana! Você parece o Aloisio que namora Ester pensando em Marina. Que come assado pensando em frito. Tem noção do mar de caminhos que se abre numa semana?

- É que o assunto da próxima crônica é muito mais interessante do que o de hoje.

- Uai! Então escreva hoje a crônica do próximo sábado e a de hoje no próximo sábado. Só trocar.

- Não dá.

- Hã?

- A ideia toda - a chamo de bruta - não está pronta ainda. Tá quase.

- Não dá para terminar agora?

- Até daria, mas pra ela ficar engraçada eu preciso de uma semana. A última burilada.

- A de hoje já está pronta?

- Ainda não, mas já tenho a ideia bruta.

- Pronta?

- Pronta.

- E quando a ideia bruta vira ideia líquida?

- Quando eu começo a escrever.

- E se você começar a escrever a crônica do próximo sábado para ver se ela se burila no texto e já vira líquida e vai se acomodando.

- É mudar o procedimento.

- Que procedimento?

- Da criatividade de como as coisas vem acontecendo ultimamente.

- Mudar não é bom?

- Assim de repente, sem avisar?

- Sem avisar quem?

- A ideia.

- Uai, de onde ela vem?

- De mim.

- Peraí. Deixe-me ver se eu entendi. A ideia vem de você...é tua. Ninguém ainda sabe. São como os atos preparatórios do crime os quais, se não executados, não configuram crimes. É só você avisar a si mesmo. Basta você avisá-la agora que vai mudar daqui a pouco e daí já não tem mais surpresa.

- Tá vendo, você mesmo disse aí que se executar as ideias hoje eu cometeria crime contra o sistema.

- Que sistema?

- Da criatividade.

- Não, foi só um exemplo. Escrever não é crime. Não está no Código Penal descrito como crime.

- E se eu ofender alguém?

- Depende. Você escreverá com o intuito de ofender alguém, caluniar ou difamar alguém, mentir, imputar fatos que sabe inverídicos?

- Não.

- Então não! Bom, já mudamos de assunto. Faça como quiser. Escreva a de hoje hoje e a próxima no próximo sábado.

- Uai, e o que acabo de fazer? Você é um pouco complicado, não?!


Estre fragmento foi retirado da discussão entre o neurônio prático e o perfeccionista nos minutos que antecederam a elaboração desta crônica. Dedico este diálogo a Fernando Sabino, meu atual gênio preferido.

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