É interessante ouvir os poliglotas contando como aprenderam diversos idiomas. Eu os admiro. Mais interessante ainda é perceber que não há um método único dentre eles. Praticamente todos aprenderam de um jeito diferente. Lógico que algumas dicas são praticamente consenso: aprenda errando, se exponha ao máximo, utilize um só livro ou app por vez, encontre um jeito divertido de aprender, comemore as pequenas conquistas e revise pouco mas diariamente o idioma da vez.
São vários os poliglotas e são infinitas as dicas.
Eu particularmente me identifiquei com o Luca Lampariello. Veio dele a dica que achei genial: foque no método e não no idioma. Como a cada conquista de um novo idioma você aperfeiçoa o método, aos poucos você vai encontrando a maneira mais eficiente pra você e não para o João. Há quem aprenda pela gramática, o jeito da Escola e de longe o mais chato de todos. Lições e mais lições maçantes de regras que fazem o aprendizado uma finalidade em si mesma. O que pra mim é uma estupidez.
Nenhum aprendizado pode ter uma finalidade em si mesmo.
Deve tornar a sua vida mais interessante.
Há quem aprendeu inglês ouvindo música; Gastão Moreira do Kazagastão por exemplo. Há quem aprendeu ouvindo. Há quem simplesmente tenha se mudado para outro país. Há quem nunca tenha aprendido também embora desejado. E não é porque é zé ruela não, é porque não encontrou o jeito mais interessante de aprender um novo idioma. Quando comecei a estudar italiano percebi que eu gostava de ouvir mesmo era notícia e não ópera. Escolhi uma estação pelo tunein chamada RAI2.
E assim passei a ouvir sem entender quase nada.
Depois percebi quão interessante é ouvir um idioma que você não entende porra nenhuma, árabe, chinês ou russo para dar alguns exemplos. É um tratamento que deveria ser indicado pelos psicólogos contra a ansiedade. Porque a primeira reação é ficar curioso. Aí logo você se sente um idiota. Depois você fica irritado. Não demora e você fica ansioso porque não entende nada e se sente ainda mais idiota. Não dá mesmo para entender. Não tem mensagem. É um ruído. Você se sente ainda mais ignorante.
Aos poucos, com alguma insistência, com calma, você percebe que certas palavras se repetem. Percebe a entonação. O tratamento contra distúrbios de ansiedade consistiria em você ouvir russo por quinze minutos. Chinês por mais quinze. Aí você manda um espanhol pra elevar o moral e finaliza com um Bangalês! Você só precisa ouvir e controlar a sua ansiedade de querer entender.
Ouvir, ouvir, ouvir e ouvir é para muitos poliglotas uma das maneiras mais eficazes de aprender um novo idioma. Aliás, é como as criancinhas aprendem. Nosso cérebro não é idiota. Ela só fixa se achar que vai ser útil para alguma coisa. E ele percebe que precisa fixar quando está sendo chamado a lembrar daquelas palavras várias vezes dentro de um certo espaço de tempo.
Não, não disse que gramática não seja importante, apenas entendo que ela deva chegar depois, na miúda e aos poucos dando seus palpites. Ou comumente dizem: a criança pede leite e não um substantivo. Peço desculpas por essa crônica que ficou meio sem graça, muito séria e sem nenhuma piada. Pronto: Не зли меня и иди послушай бунгало! Agora toma essa: 週末愉快。 Certo Juarez?!
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