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coronavibes

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 20 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

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A gente fica doidão com ele! Lógico que eu tenho que escrever sobre ele. Desde sexta-feira 13 saindo de casa quando estritamente necessário. Hoje no final do dia fui ao mercado. Como as pessoas devem espaçar ao menos um metro estavam todas as filas naturalmente maiores; quase chegando até o final do mercado.


A gente fica obcecadão com ele. Olha só. Temos o hábito de encostar e dar tapinhas nas costas. Esse hábito já me colocou em situações constrangedoras. Lembro dum primeiro encontro com uma garota em que eu dei um tapinha involuntário na sua perna. Acho que foi uma das maiores broncas que eu já tomei. Lógico que foi a última vez que a vi. Ela ficou muito brava comigo, nem adiantou as desculpas tampouco as explicações sobre a involuntariedade do ato.


Brasileiro gosta de se pegar. Tapinha nas costas é automático. Beijo é automático. Aquele meio abraço que os homens dão é automático. Mas agora complicou. Você tem que sair de casa com o mantra não apertar, não bater nas costas, não abraçar. É difícil. O teu cérebro não se acostuma assim em 72 horas. Então estava contornando um corredor que já achei muito lotado e niquiqui eu virei uma mulher distraída, olhando pra trás, trombou comigo.


Meu rosto ficou a 47,50 centímetros do meu.


- Moça, cuidado!

Mil desculpas e pegou no meu braço. Não. Não. Não! Não acredito que ela pegou no meu braço.


- Moça não pega no braço, esqueceu do corona?! Ah, e saí batendo perna. Já me estressei. Saquei o álcool do bolso e já o matei logo ali. Desgraçado! Ele, não ela. Repare que logo desenvolvemos duas habilidades cruciais: medir distância e sacar gel. Nem vou contar o mantra. Para passar o tempo mesmo nada melhor do olhar o carrinho das outras pessoas. Primeiro que a quantidade - na média - visivelmente aumentou. Pela minha experiência, as pessoas estão comprando para um a dois meses. Até o Mohamad, canal de culinária que assisto, já fez um vídeo sobre o que comprar em tempos de corona.


Hoje eu vi um carrinho dum cara tinha comprado quase 1 kg de queijo. Eu não gosto de congelar queijo. Pela análise dinâmica de seu carrinho eu conclui que ele morava em casa com mais duas pessoas. Ele, a mulher e um filho de 17 anos. Vai por mim meu amigo. Dificilmente eu erro. Para confirmar a minha teoria eu costumo olhar o carrinho de pessoas que conheço; quando as encontro. Tudo com muita discrição. Tudo com muito jeito. Três pessoas não vão comer 1 kg de queijo prato numa semana. Ele vai congelar, certeza! Já no caixa vem aquela situação.


- Não moça, deixe que eu coloco o cartão. Retira o cartão da maquininha, saca o gel, bota as compras na sacola que você levou e vai embora.


Esqueci a mortadela. Vírus filha...!

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