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no Mironga...

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 6 de mar. de 2020
  • 2 min de leitura

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Estava quase findando o dia no computador quando tirei os olhos da tela e senti o baque.


Pretejou. Esverdeou. Turvou.


Como se tivessem desligado a minha energia; ombros pesados e olhos semicerrados. Um instante de apagão. Sumiu e voltou. Como num piscar de olhos. Catimba. Macumba. Só pode ser trabalho. Vira e mexe é preciso fechar o corpo; não adianta. Depois disso, já na rua lembrei de comprar incenso para defumar o ambiente quando chegasse em casa.


Parei no Mironga; uma loja que vende itens de candomblé e umbanda. Tem vasos de oferenda, colares e pretos-velhos. Preto aqui nos remete à África e velho é sinônimo de experiência; de conhecimento. Nas senzalas brasileiras todos se misturaram e pelos nomes dos pais de santo era possível saber de qual região da África provinham e quais os seus Orixás; daí Pai Congo, Pai Guiné e tantos outros. Daí tantos Orixás, pela multiplicidade de povos com diferentes Deuses na África. Oxu, Ogum, Xangô, Iamsã e tantos outros. E talvez o mais famoso deles: Iemanjá. A mesma que fez com que você pulasse três ondas no final do ano e fizesse um pedido.


Não foi realizado? Não a culpe.


Na próxima faça a oferenda corretamente, na terceira onda ofereça flores e alfazema. Ou ainda quem não conhece a famosa frase cantada por Vinícius "na tonga da mironga do kabulete"; embora escolhida mais pela sonoridade do que pela significação, a gente sabe quanto Vinicius de Moraes era próximo de Caymi. Eu estava lá escolhendo o incenso e de repente entra um sujeito esbaforido.


- Minha mulher me jogou um feitiço, o que eu faço?


Ainda bem que ele nem olhou pra mim. O atendente puxou conversa para entender um pouco melhor a preocupação do moço. Voltei-me sem pressa para a escolha dos incensos de fabricação indiana. Tem os tradicionais e tem as novidades.


- Qual novidade tem mais saída, indaguei.

- Olha, o que está bombando, que o pessoal está gostando muito é o de Flor de Pitanga.


Peguei para experimentar. É este agora que emana saúde e estímulos positivos enquanto escrevo. Na meditação desta noite vou acender limpeza pesada e descarrego e volto a ficar de corpo fechado para trabalhos mal intencionados. Mas pensa o quê? Na Mironga tem inúmeros incensos, você os escolhe conforme a sua vibe e a sua finalidade.


Olha só que beleza: Zé Pilintra, o boêmio; Santo Expedito, causas urgentes; Nos Moscada, afrodisíaco e felicidade; Red Rose, amor e paixão; Manjericão, limpeza e prosperidade; Mirra, purificação e benção; Aromas da Floresta, purificação, afrodisíaco e intuição; Sândalo, meditação e espiritualidade; Capim Limão, segurança e aumenta a auto-estima; Sálvia, limpeza e purificação; Rosa Amarela, amizade e felicidade em sua vida; Oxossi, fartura em abundância; Cravo, afasta o mal e traz prosperidade.


Esse achei genial: Senhor do Fogo, queima todo o mal e purifica a alma.


Xangô, força e quebra demanda.


E, por último, aquele que peguei quatro caixinhas: Iansã, transformação e movimento. Iansã, mulher forte e valente; senhora dos ventos e tempestades.


Que será que o sujeito aprontou pra tomar um feitiço da mulher?

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