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a montanha mágica

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 29 de dez. de 2019
  • 2 min de leitura

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É mais difícil arrumar tempo para escrever as crônicas nas férias do que em tempos de trabalho. Agora são tempos de férias. Logo que o recesso forense entrou fomos para Monte Verde comemorar o meu aniversário. No meio da trilha lancei o Drone que logo foi alcançado por um ramalhete de bambu. Caiu. Uma hélice se foi. Botei-me a procurá-la no mato. Abaixei-me, entrei por baixo do deck de madeira; ia e voltava. E olhava pra baixo.


As pessoas logo me perguntaram o que eu estava procurando.


Uma hélice. De Drone. Igual a esta aqui; e mostrava.


As pessoas iam a vinham. Logo me dei conta que havia uns dois ou três me ajudando a procurá-la. De repente quem chegava já perguntava o que estávamos procurando. Uma hélice. Fui pegar a mochila que estava logo ali e quando voltei estavam procurando uma nota de cinquenta Reais. Fiquei ali pouco mais de uma hora procurando aquilo que sabia ser impossível de achar. Quis desistir logo e seguir a trilha.


Não consegui.


Logo fiquei intrigado pela disposição das pessoas em ajudarem um desconhecido a procurar uma hélice. Reparei numa senhora que chegou e sem perceber começou a procurar por alguma coisa debaixo das madeiras. Olhou pra cá, olhou pra lá. Olhou de soslaio. De esgueio. Depois de algum tempo nos indagou sobre o que estava perdido. Quase uma dúzia de pessoas me ajudou a procurar a hélice.


Fazia tempo que eu não fazia um teste de solidariedade como esse.

Monte Verde é um distrito de Camanducaia.


Um lugar que soube crescer com o turismo. Muito chopp artesanal e muita salsicha. Num dos almoços, na Confraria Paulistana, experimentei uma boa salsicha com batata e um molho muito bom: mostarda forte da Berna com curry. Muito curry. Ao ponto da cozinheira me explicar que é curry com mostarda e não ao contrário. Logo precisarei fazer um jantar alemão em casa e visitar a Alemanha. Tá na lista.


Noutro restaurante experimentei uma pimenta ao azeite feito por um Pernambucano radicado há mais de dez anos nas montanhas verdes. A dica: dez por cento de cachaça no azeite; dedo da moça cortada grosseiramente.


As montanhas além de verde são mágicas. Todas elas.


Eu deixei de resistir às tentações e me convenci ser essencial passar uns tempos de vez em vez nas montanhas. Uma cabana no topo delas. Muita madeira. Muita lenha. Muito fogo. Muito caldo na caçarola de ferro. Uma costela na bandeja esquecida de manhã para arrancar-lhes os ossos. O cachorro ao largo da fogueira raspando o osso. A batata no fogo enquanto a névoa se dissipa fria na fogueira.


Chegam os convivas e cada um se estende com o cobertor ao lado da fogueira. O vinho. A cachaça. O Bourbon. Ninguém fala além do violão. Na pausa entre as músicas alguém lembra de contar a história da montanha mágica. Ouve-se já uma flauta. Lembro-me thick as a brick.


De repente o garçom me pergunta se aceito um steinhäger. Logo agora que iria fatiar a costela.

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