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conversando com estranhos

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 5 de out. de 2019
  • 2 min de leitura


Estava vendo o vídeo de Sandra Bland no Youtube quando minhas filhas chegaram na sala. Pela câmera da viatura, nós vimos o policial se aproximando do carro dela até prendê-la. Logo expliquei pra ela que a minha curiosidade vinha do último livro de Malcolm Gladwell chamado "Talking do Strangers". Às vezes as conversas entre estranhos acabam indo para um lado não muito bom; é este o principal tema de seu livro. Ele selecionou, no melhor estilo de Gladwell, várias histórias que nos fazem pensar o que, efetivamente, podemos saber de pessoas estranhas.


-Ah pai, nós sabemos, mesmo caso de quando você discutiu com o homem por causa do estacionamento chegando no restaurante japonês? Não havia exemplo melhor para explicar-lhes sobre o livro. É isso, vocês entenderam. Ainda não li o livro, apenas alguns vídeos e textos. Antes disso, pra falar a real, ando pensando como falamos com estranhos. É um exercício curioso que pode ser feito no mercado, na padaria ou no elevador. Antes, baseado no seu julgamento tente obter algumas idéias sobre essa pessoa. É muito fácil criar uma sombra dessa personalidade; tente adivinhar como as pessoas são somente observando-as. Mais ainda interessante quando você conhece essa mesma pessoa, algum tempo depois, e percebe que elas são completamente diferentes de sua primeira impressão.


É muito comum nos filmes. Vizinhos que mal se falam no elevador se tornam amantes apaixonados. Motoristas que matam seus caronas. Políticos que se tornam corruptos vorazes. Deveria substituir "filmes" pela "vida"? Eu geralmente confio demais em minhas impressões quando eu conheço um estranho, sobretudo quando precede a contratação de um serviço.


Eis que, mês passado, por razões que não vem ao caso, levei meu carro para ser consertado num mecânico diferente; completamente desconhecido. Parei por lá. Conversei com ele um pouco e lá deixei o carro. Confiei nele. Entregou o carro duas semanas depois do prazo combinado. Pediu-me pagamento antecipado. E quando ele, pela terceira vez, me pediu mais prazo quase joguei tudo para o alto, coloquei tudo a perder. Achei melhor não surtar.


Contei-lhe sobre os graves problemas que eu enfrentaria por causa desse atraso. Felizmente não estava completamente errado sobre ele. Ele não fez um bom trabalho mas ele é um cara de caráter. Quando lhe mostrei o lugar que deveria ser consertado de novo, ele concordou e assim o fez. Manteve sua palavra.


Estava errado sobre a qualidade de seu serviço mas não sobre a sua personalidade. Gladweel é um gigante. Um baita contador de histórias. E, assim, através delas nós nos revisitamos para uma constante metamorfose ambulante.

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