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matei a psiquiatra.

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 23 de mar. de 2019
  • 2 min de leitura
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Adoro ouvir conversa alheia em local público.


Não nego.


De repente me dei conta que são poucas as que vem parar aqui. Eu costumava me intrometer com maior frequência. Hoje, nem tanto. A coisa tá meio tensa. Um comentário desajeitado já faísca uma discussão. Outro dia deixei cair minha necessaire sobre o colo de uma mulher. Pedi desculpas. E emendei: ainda bem que não é de mulher. Ela respondeu na lata: as desculpas eu aceito mas não gostei do comentário sobre o fato de não ser de mulher. Pronto. Olhe, desculpe. É que as femininas costumam ser maiores, só por isso. Desculpe pela parte que você não gostou.


Alguns minutos depois ela me cutucou no braço e me mostrou a necessaire dela. Era menor que a minha. Tá vendo só, nós homens precisamos revisar alguns conceitos. Não está mais aqui quem falou. Respondi simpaticamente. E, acredite, depois deixei cair de novo! Desculpe! Só que agora sem o comentário adicional. Ela riu vencedora e simpaticamente. Sem mais rodeios, duas historietas selecionadas desta semana, fresquinhas:


A primeira: na ponte aérea atrasada da Avianca.


-Pooooooorra meu! Até que enfim.

-Cara, desculpe, estou voltando hoje. Foi legal, mas estou meio encanada. Acho que é insegurança minha sabe. Ah, ele tá com comportamento que começa a me irritar. Sei lá fica fazendo cena que é o fodão com a mulherada. A Tatinha me falou que ele comprou a fantasia de carnaval daquela lá que tinha te falado, fica curtindo e comentando os posts dela. Pra que? Me disse que ele lhe confessou que gosta muito dela. Ah, sei lá. Cara, eu não faço isso. Eu tenho um monte de homem no meu pé. Quando voltei de viagem dei para meu amigo com fama de estranho. Sabe, nem falei pra ele. Eu não fico fazendo essa cena toda. Sei, é encanação minha. Não cara, eu matei a psiquiatra. Eu vou essa semana sem falta. Levantou e se foi.


A segunda: dentro do Uber.


-Meu chefe foi preso pela operação lava-jato e fechou a empresa. Pagou, sim, pagou todo mundo. Chamou todo mundo e falou que a casa caiu. Olhe, eu tive que pagar para fechar o contrato. Agora me dei mal, estou fechando a empresa. Fui preso e vou responder a processo criminal. Você podem tocar a vida de vocês. Não, não trabalho mais à noite. Ah, fui atacado por uma morena. Ela tava muito louca. Tirou a roupa, ficou peladinha e quis pular para o banco da frente. O que? Nem fodendo, sou casado, muito bem casado. E essa louca aí fala depois que eu abusei dela e tal. Disse para ela não encostar em mim e nem pular pra frente. Ah, não tive dúvida, eu parei no topo do morro nos Bombeiros e a deixei lá. Chamei os bombeiros, expliquei a situação e falei que não a levaria mais. Sei lá o que eles fizeram depois...


Será que ela também matou a psiquiatra?!


Só pra variar.


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