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mulher bonita o caralho

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 1 de mar. de 2019
  • 3 min de leitura

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Amanhã completa uma semana que estou no Rio de Janeiro. Devo vir toda semana por alguns meses a trabalho. Aproveito; visito familiares e amigos. Reclamo do calor e da bagunça; o Estado local é uma lástima e ineficiente. Pesado. Lerdo. Largado. Tungado. Deixem-me liberar um pouco do ácido letárgico que a todos nos habita.


Já recebo críticas. Sinto-me um pracinha ao dominar o Monte Castelo. Quando começamos a receber críticas a primeira e lógica conclusão é que estamos sendo lidos. "gostei do texto, mas sem emoção"; "ficou doido mas você está falando muito de si, gostava mais dos outros". A melhor foi "você está parecendo blog de Van". Casquei! Lógico, há os elogios também "hahahahahahahaha". Não existe comentário melhor do que este. O leitor se divertiu. Eu gosto de críticas. Não interessa se são pertinentes ou não.


Dá trabalho criticar meu caro! O cara tem que ler, tem que pensar e tem que escrever. Ou gravar um áudio. Meu respeito aos críticos; aos chatos de plantão. Este assunto acabou. Um dos meus assuntos aqui no Rio remonta a duas gerações. Alguns apartamentos que ainda estavam em nome da minha bisavó, Albertina Moreira de Mattos, que precisavam ser inventariados.


Com muita paciência e perseverança faremos a transferência dos imóveis para os herdeiros atuais. Parte viva, parte morta. Sinto-me nas trincheiras do Monte Casino toda vez que meu inimigo é a burocracia. Minha bisavó provavelmente lia Lima Barreto, um dos cronistas cariocas que mais escreveu sobre o Carnaval. Eu não sabia até chegar até a Biblioteca Nacional na manhã deste sábado e me deparar com uma obra de Beatriz Resende chamada Lima Barreto, Cronista do Rio. Na introdução um trecho fantástico sobre o Carnaval.


Nunca vá à Biblioteca Nacional aos sábados. Não dá pra ver porra nenhuma. Caralho, estava indo tão bem sem palavrão. Foda-se. Já foi. Aquele mundaréu de livros que se vê da sala dos manuscritos fica fechada aos sábados. E também não aceitam cartão de crédito para pagar os livros. Meu Deus! Quando vão aliar cultura com monetização, usar a grana gerada para benefício dela própria? Como pode você lá, no tesão, naquele estado crítico, querendo comprar o livro e os caras só aceitam dinheiro ?! Puta que o pariu!


Resultado? Comprei na Amazon quando voltei. E-book ainda.


Às vésperas do Carnaval ruas são tomadas pelos bloquinhos, todo mundo fantasiado nos vagões do metrô e nas ruas, carregando cerveja no isopor e cantando "O carnaval tá vindo aí, mulher feia eu vou pegar, mulher bonita é o caralho, eu quero história pra contar", de um tal de MC até onde sei. E basta um começar que o vagão inteiro sai gritando e a multidão vai se juntando, cantando, bebendo e se pegando. No fervo como eu costumo chamar.


Bom mesmo é ler Lima Barreto lá de 1915 e não eu; segura essa aí:


"A embriaguez que a multidão traz é a melhor e a mais inofensiva de todas que se tem até agora inventado, nem o ópio, nem o álcool, nem o hachisch produzem a embriaguez que com a dela se assemelhe. Temos visões extranormais, sem estragar a saúde...".


É a droga que o brasileiro usa há muito tempo. Hospedo-me em Botafogo, perto da Visconde de Ouro Preto; que foi o padrinho de Lima Barreto. Pois é.


Os carnavais que vão se passando através das fantasias que habitamos.


Os carnavais que nos entorpecem de nós mesmos.


Vai, se joga!

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