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...o rapa na Mole...

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 19 de jan. de 2019
  • 2 min de leitura

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Tenho uma hora e quarenta e três minutos para escrever a crônica. Antes que a bateria acabe aqui na Praia da Armação, na Ilha da Magia. Não costumo demorar mais do que quarenta para o rascunho e alguns outros para revisão e maturação. Crônica jovem esta. Se fosse um vinho, não seria de guarda. De leitura ainda no verão. Ao longe e à vista minhas filhas brincam no rio Sangradouro que divisa para Matadeiro; eu sentado nas mesinhas do Alécio.


Muitas baleias viraram azeite por aqui. O Jahy é o cara do som, com dez reaixxx incluídos na conta como facultativo e rolando killing me softly. Em homenagem às centenas por aqui dizimadas. A muvuca me incomoda. Foco na crônica. Viemos hoje descendo pela ilha; paramos em Nova Campeche, Campeche e Armação. A depender dos ânimos pararemos no Rancho Açoriano, pela dica da ex-limeirense e moradora local, a Elisa.


A versão mais aceita para o nome Ilha da Magia: o feitiço que faz os forasteiros ficarem ou, no máximo, pegarem a mochila em casa e voltarem. A versão oficial, do Ailton o barqueiro, nos conta que magia vem do bloco de Carnaval, o bloco da Magia. O rapa na mole foi mesmo o que ficou na minha cabeça. Logo no primeiro no dia que chegamos aqui. Quem já morou em São Paulo sabe bem o que é o rapa. Eu nunca tinha visto rapa na praia. Nem no Errejota. Estamos lá sentados na mesa do quiosque e a galera sobe correndo. Um. Dois. Três. Escondem as paradas no mato e voltam.


E eu, já brisado pela brisa que brisa sem parar, despertei e passei a conversar com a turma. Quem fala mesmo e encosta é o paraibano Cezar. Esse aí da foto de cima. Viajar pelo Brasil e ouvir histórias dos brasileiros tem sido um de meus maiores prazeres nos últimos anos. O Cezar viaja mais que eu; que tu. Que eles. É um caixeiro viajante. Tira livre quinze contos por ano e vende de óculos e canga no verão a malhas e gorros nos invernos. Conhece o Brasil brasileiro.


E aí qual o povo mais gente boa? O mineiro, responde.


E qual o mais chato? O gaúcho, depois o paulista.


Novidade mesmo foi saber que Catarino não gosta de forasteiro, que tem birra do Gaúcho e respeita as leis de trânsito. Vale encostar na costa da lagoa. De almoçar no Cabral, no ponto 19, marido de Nô, que entrega um rango bão enquanto a criançada escala o trapiche e corta o pé nas pedras. Mano, correr do rapa na Mole é foda. E foi trote acredita? Alguém falou que vinha, mas não vinha, mas a galera correu. O Cézar correu e escondeu as suas paradas no mato. E nada do rapa chegar. Toca rapa no som. Que confusão! O rapa não veio nem no som do Rapa. Foi trote. Foi blefe. E como marola o som do Rapa veio pegando na Mole. Sensação estranha agora; a brisa que passa pelos tatuíras, os guarda-sóis que se vão com seu algoz...e vai terminando a crônica com o dia.


O que é aquilo? Uma bandeirola...escrito nela...


...escrito nela...


volte, volte, volte...

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