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memento mori

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 5 de jan. de 2019
  • 2 min de leitura

Atualizado: 14 de out.


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Voltei para a Canastra alguns bons anos depois. Logo que chegamos fomos conhecer o Capim Canastra (@capim.canastra), do Guilherme, filho do Eudes, que decidiu fazer queijo e não sossegou até ficar dos bão, do tipo que ganha prêmio internacional e tudo. Chegamos lá margeando a tromba d´água. Enquanto a chuva se acabava batíamos papo com o Eudes e experimentamos o queijo. Na volta atolei a moto, peguei trilha no meio do cafezal, tirei barro do para-lama umas três vezes, contei com ajuda do Eudes, da vizinha do Eudes e do marido da vizinha do Eudes. Depois fiz um traçado com corda, contei com a ajuda do Marcelo, que também era conhecido do Eudes, para me tirar do último trecho.


Duas horas para percorrer quatro quilômetros.


Mineiro é parceiro meu caro, não te deixa largado na beira da estrada. Já a dez metros da terra seca quando precisei de água para lavar as mãos, veio meio de litro de cachaça. Só tem esse líquido aqui no carro seu moço. Lógico que foi um perrengue. Fiquei puto. Aí percebi que já tinha assunto para a crônica deste sábado. Preciso urgentemente rever meu subconsciente; ele queria me jogar naquele lamaçal todo com receio de falta de assunto. Ou teria sido uma vingança da lama pelo texto de slime que fiz no sábado passado?


Fiz exercício pra cacete. Atole a moto mano, crossfit o caralho! No final do dia tomamos uma breja na Matriz, na Dona Helena. Com adicional de R$ 10,00 o marido dela te leva de volta para pousada. Uber da Canastra, uai! Acordo azedo de tão cansado. Passa o mal humor a caminho do Parque. Na direção Patric (@canastraextremo), o guia, e um casal gente boa, de São Paulo, lotam a Pajero para um rolê.


Tirei a foto aí de cima na nascente do São Chico. Só que, desta vez, descubro que ela é a nascente histórica e não mais a geográfica. Resumidamente novos estudos demonstraram que o Samburá é o rio principal e o São Chico é o afluente. Além da Cascadanta, vale conhecer a Rasga Canga, muito confundida com rasga tanga. Eu mesmo o fiz.


Uai, o Rasga Canga também rasga a tanga. Nem perguntei para o Patric a razão do nome. Embora logo ali ao lado tivesse a cachoeira do Rolinho. Deixa pra lá. Bom mesmo é ouvir as histórias do Patric, da mãe fogo, dos tropeiros que foram pegos pela Zagaia na fazenda que leva o mesmo nome e da mineração. Seu pai foi um garimpeiro e só não botou o pé na estrada porque comprou um pequeno empório.


Ele jura de pé junto que ali ao lado tem uma mina de diamante; cravada no kimberlito. E aponta para o morro. À noite passe no Velho Chico e experimente um surubim ao molho de queijo da Canastra. Não deixe de experimentar a pimenta caseira servida na caveira. A mesma ao pé da estátua do São Chico.


A caveira que simboliza, para as religiões, a vitória da vida sobre morte, que nos lembra que um dia morreremos. Aquela da estátua, aí da foto, profetizando a morte geográfica da nascente do velho e guerreiro São Chico.

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