Esta é a segunda crônica que escrevo do Aeroporto. A primeira foi sobre e do JFK. Desta vez estou em Viracopos e vou logo ali ao RJ resolver umas paradas. Cheguei com muita antecedência, deu tempo de almoçar hambúrguer à parmegiana, arroz integral e salada. Por R$ 27,90. Depois um café por R$ 8,00 aqui no Octavio. Isso porque escolhi o de São Paulo. Fosse o de Minas seria R$ 11,00.
Chamam de microlotes. 27% é a porcentagem de quanto o café de Minas Gerais é melhor que o de São Paulo. Isso se você entender que a diferença de preço reflete a diferença de qualidade. Acabo de descobrir que o portão mudou de C6 para C10. Agora o C6 vai para Porto Alegre.
Olha aí Edmar! Logo estaremos aí para que vocês não sintam muito a nossa falta. Com uma gripe desgraçada e depois de me instalar aqui, conectar a internet e botar RNE descubro a mudança de portão. Já foi mais barato viajar para POA e RJ daqui de Viracopos. Você já deve ter percebido a esta altura que iniciei a crônica sem a menor idéia do que escreveria. Acredite, funciona.
Se alguém me perguntar qual foi o maior aprendizado com crônicas e contos responderei que escrever se aprende escrevendo a partir de uma faísca. Que o nada escrito será sempre nada, ainda que haja muita, muitas e uma multidão nas idéias; uma letra é o passo para tudificar o nada. Na maior parte das vezes a crônica aparece. Olha para mim e eu pra ela. Rola um fluxo e depois um pá. Não menospreze os pá. Qualquer pá.
Você nunca percebeu que a sua vida é um resumo de pás?
Você que se acha o tal, o totem, nada mais é do que uma obra completa dos pá que a vida te deu. Atenção leitor, não é pá instrumento. É pá momento. É pá decisão. É pá tesão. Terei que embarcar. Depois eu continuo...agora que pá! Algumas horas depois...sentei aqui e pá. O calor infernal da cidade não mais maravilhosa; toda fodida, roubada, estelionatada. Até o orgulho tiraram do Carioca. Meia dúzia, duas dúzias roubando até o sol da praia e pá. Falei. Olha aí o pá! Prenderam mais um governador do Rio esses dias.
Chega uma hora que pá! Seus pais se conheceram e pá! Você nasceu. Fez merda quando era criança e pá! Tapa na orelha! Conheceu uma garota interessante, se apaixonou e pá! Vamos agora refletir um pouco. Aproveite que agora o presente, o agora, é a bola de vez. Não pense em mais nada além dessas letras...respire...respire...isso...acalme-se...bloqueie o barulho, não pense em dinheiro, no financiamento, na reunião de amanhã com o chefe, nem na desgraça que te fodeu essa semana. Não, nem no troféu de funcionário do mês.
Respire mais um pouco...não feche os olhos se não como você lerá o texto? Vai chegar a tua hora de cerrar os olhos...Só respire. E calmamente depois que eu der o sinal, feche os olhos e imagine uma folha em branco. Só o branco. Se algo chegar de preto não se irrite. Deixe o preto passar.
O preto sempre passa, por isso a morte vem de preto. Volte para o branco. Ainda não. Só quando eu der o sinal. Pense a partir do nada branco que há um pá escrito. Coloque o pá onde você quiser, de qualquer letra e qualquer tamanho. De qualquer cor. De pintura concreta ou abstrata. É do teu pá que estamos falando. . Ninguém tem nada a ver com o teu pá!
Mas ainda não vá. Espere o meu sinal. Aí você pensa qual foi o maior pá da tua vida. Qualquer um. E reflita sobre esse pá. Não pense mais nada. Pense qual foi o melhor pá da tua vida. Só.
Agora! Pare de ler, vai lá, pá!
Pá!
Pá!
Esta cronica acabou e eu não do Vincent aí em cima. Nem vou falar, só na próxima crônica!
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