Reparem que eu não escrevi a cadeira do dentista. São duas coisas distintas. Uma é a cadeira e outra o dentista. Embora hoje as suas cadeiras sejam confortáveis e os dispositivos de cusparada estejam quase abolidos. Sempre foi nojento cuspir aquela baba toda para o lado. Quando você errava então... Mesmo com o papel amarrado sob o queixo e preso na roupa com um pequeno grampo. Babador foi o nome dado a essa gambiarra. Hoje o canudinho chupa toda a baba. Suga até catarro se você bobear. O único inconveniente é ouvir da dentista faz um biquinho e chupa. Não adianta, por mais que a dentista seja amável, doce, leve e diga sorrindo você vai absorver isso de outro jeito. Faz um biquinho e chupa.
De novo, faz um biquinho e chupa! Pela Califórnia!
Fosse seguir a ordem do título, deveria falar primeiro da cadeira. Achei que a cadeira e o dentista soava melhor do que o dentista e a cadeira. No meu caso seria a cadeira e a dentista. Nunca gostei de ir ao dentista. Lembro-me daquela uma na Faria Lima, em São Paulo, que até espaçador de boca chegou a me enfiar mandíbulas adentro. Trauma. Foda. Naquela época não tinha nada de faz um biquinho e chupa, meu coração! Era abridor na boca e cusparada do lado.
E ainda arrematava fica quieto moleque! Hoje tá tudo light... As mulheres, em disparada, exercem melhor a profissão. Pelo menos para casos de trauma que nem o meu. Eu não nego, para não pegar birra de nenhuma tenho logo três. E vou alternando. Não é traição porque digo a todas que tenho outras. Tive que explicar quando a ficha acusou mais de um ano sem retorno. Traumas provocam consequências para uma vida inteira. Tem uma coisa ainda que não falei com nenhuma e acredito que nunca irei entender...todas elas falam e conversam normalmente enquanto o espelho, o motorzinho e o sugador de babá - todos os três - estão enfiados na tua boca!
E não conversar é o problema, é que elas fazem pergunta! Com a minha mente lógica de que toda pergunta precisa de uma resposta...como eu posso responder com um monte de trem enfiado na minha boca ?! E falam o tempo inteiro. Eu já desisti de entender. Não há nenhuma dentista competente que não converse com você e te faz um monte de pergunta. Quando você está com a boca livre, falando, e ela faz a pergunta e assim que você começa a responder ela enfia tudo na tua boca de novo.
A cadeira referida no título é de escritório mas eu não tô afim de falar dela. Vai levar muito tempo e eu acabei falando demais. São todas fofas que nos deixam bonitões para as gargalhadas. E eu já sei como reagir a esse estado de perplexidade. Eu vou começar a responder de qualquer jeito com a boca entupida! Sem repetir. Eu não duvido que elas entenderão tudo, essas mulheres mil e uma coisas ao mesmo tempo agora.
Pela Califórnia!
Comentários