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a rebelião!

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 6 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

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Às vésperas das eleições é natural meu amigo e minha amiga que vocês pensem que a rebelião referida seja política.


Estamos mesmo é precisando de uma revolta comportamental, uma mudança drástica de como nós brasileiros lidamos com a política, com os nossos representantes nessa incipiente e trôpega Democracia. Rezo e faço a minha parte para que rapidamente passemos de uma fase a outra, de um estado de letargia e tolerância com a corrupção para o envolvimento e dedetização das pragas que aí estão.


Mas a revolta dita acima é das coisas e não dos homens.


Sim, as coisas às vezes se revoltam e cansam de nós. Nunca menospreze as coisas. Veja o meu forno. Antes mesmo do primeiro pernil, do primeiro pão, num dia em que fui assar batatas, ele se rebelou. E não ligou. Lógico que antes me deu uma canseira lascada. Hoje para acender um forno caseiro à gás é preciso alongamento e preparo físico. Você se posta diante dele, aperta com força o botão e gira. Segura. Atenção, com força, gira e segura. Pressione sem soltar nem um pouquinho. Não peide. Na outra mão o acendedor elétrico. E vai. E fica.


O manuel diz que são 10 segundos.


Tá. A puta que o pariu que são 10 segundos.


São 10 minutos que você fica lá apertando, um dedo no elétrico e outro no botão. Pressione. Não solte. Não gire. E reze. Para a campainha não tocar, para ninguém apertar o teu botão, o seu intestino não gritar ou seu filho não gritar mãe; pai. Isso quando não desligam no meio da fornada esses filhos da puta! Não seja um cozinheiro amador, nunca confie no seu forno. Você não sabe, mas eles estão todos conectados. Sim. Na minha mãe é assim. Nos meus amigos é assim. Quando a vi em posição de acendimento para tostar uns pãezinhos de queijo eu não aguentei...vai! Tamo junto! Vai na fé! Um, dois, segura. Pressiona. Respira. Não solta. Não gira. Não peide, mãe! A vizinha se ouve chama a ambulância para auxiliar no parto. Deu certo!! Uhu!!


Os fornos estão rebelados.


As máquinas de lavar roupa estão se organizando, só abrem a porta depois de 5 minutos de ciclo encerrado. As caixinhas de som de Bluetooth estão fazendo paralisações mensais; especialmente as Bose. Esses dias cheguei na mesa de um colega advogado, e cunhado, o Cezinha, que também tem o hábito de ter uma caixinha ao seu lado e ele olhando para caixinha, meio cabisbaixo.


Carlos, a caixinha parou. Não carrega. Não toca. Não funciona.


Ah, eu dei risada. Converse com ela. Faça carinho que volta.


Expliquei-lhe que a minha também parou por uns três dias. Falei muito com ela. Expliquei que não poderia ficar sem ela, que ela é cara, custou em dólar, que ela já tinha viajado comigo para vários lugares do Brasil; e para fora dele também. E blá blá blá. Converse com ela, repeti. Fui embora.


Nesse Domingo último, feliz e radiante, ele me disse... deu certo Carleto!


As coisas modernas também querem atenção. Imaginem só quando as tais caixinhas inteligentes se rebelarem e o forno e a máquina de lavar louça estiverem conectados à internet. Ah não, eu vou me rebelar antes.

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