top of page

JFK

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 19 de mai. de 2018
  • 3 min de leitura

ree

Há tempo de plantar e tempo de colher.


Tempo de voar e de tempo de ficar.


Tempo de ler e tempo de escrever. Secas e cheias.


Para o escritor, tempos escritos e tempos brancos. Ando a tempos de juzante; peixes pululam na minha piracema criativa. Há quase dois meses agendados....Recentemente vencia a segunda-feira e não tinha texto para o sábado próximo. Desespero. A necessidade cria a criatividade. É mais barato ir para a Europa via EUA do que um vôo direto Brasil-Itália.



Coisas do Brasil corrupto e ineficiente.


Basta você pagar com tempo em vez de dólar. Quem está sem dólar e com tempo, não deixe de cotar. Via Miami ou Nova York. A conexão me evitou as perguntas de praxe. Não sei se é só o JFK ou todos os aeroportos, da última vez que vim a declaração era de papel. Agora é informatizado, declara-se no totem e depois vem a entrevista. No meu caso o totem só serviu para me jogar para o sistema tradicional, só que com menos perguntas. No mesmo dia em que Trump ordenou ataques à Síria estou cá eu de passagem na terra do Tio Sam ouvindo Luiz Gonzaga; o Sertão ainda não secou em mim.


Há uma curiosa convergência entre mim e a história; ela vem se aprochegando com uma intensidade incógnita. Prendem o Lula e eu Pernambuco. Trump manda mísseis a Síria e eu aqui ao lado das torres. Passemos adiante, há certas especulações que não devem ser investigadas. Nas paredes do Terminal Oito há inúmeros quadros de heróis de guerra. Descobri depois que consegui passar pelo segundo pente fino na minha mochila. O Sr. foi sorteado para um procedimento especial de segurança. Sorteado saindo de São Paulo. Sorteado saindo de Nova York. Pela estatística inversa, devo jogar nos cavalos que a sorte está comigo. Querendo evitar correria até Manhattan, fui visitar todos os terminais de Air Train JFK. Espero que as câmeras não me acompanharam visitando todos os terminais. Antes da segurança, para comer o melhor é terminal 4, o terminal 1, por causa da Jet Blue, muito movimentado. O terminal 3 você passa batido. Logo decidi passar pela alfândega. Não há cadeiras na parte livre. Faz sentido. Ou você tem passagem e entra ou volta para donde veio.


Impossível não lembrar de O Terminal, com Tom Hanks.


O sertão que não seca em mim, que coisa mais linda a canção de Luiz Gonzaga a seu primo Raimundo Jacó chamada O Vaqueiro. Quando estava em Pernambuco semana passada conheci em Sirinhaém o Mestre Nido, cabra que um dia eu conto a história, por ora basta saber que é um artista local conhecido na região e com obras no Instituto Brennand e no Marco Zero. Quando fui visitá-lo ele estava fazendo....quem...Raimundo Jacó muntado no seu cavalo...em tamanho real.


Júnior Menini, meu querido revisor, dê atenção especial a esta última frase. Grazie. Voltando. A pouca horas do embarque enquanto escrevo passa um cidadão e deixa um travesseiro de avião azul-céu, básico, do meu lado. Deixa e vai embora. Olho para o Senhor. Olho para o travesseiro. Presente? Não quis jogar no lixo. Aí meu lado criativo-persecutório logo olha para o segurança e me vem à mente...e se tiver droga dentro dessa porra, pqp! Por que ele deixou comigo e não com o cara que estava a alguns metros antes dele? Olho para o segurança, olho para o travesseiro.


Olho para a tela do notebook. Nem encosto no travesseiro, fecho o computador e saio dali. Olho para o segurança. Ele olha pra mim. Vejo um turista de óculos escuros e uma senhora hispânica. Enquanto estou na loja comprando uma tarjeta de bife entra outro segurança.


Estou sendo seguindo por causa de um encosto azul de avião.


Dou mais uma volta, rodo pelas lojas, tomo um expresso e vou em direção ao meu portão, quatro, passo pela esteira rolante e de soslaio olho para o encosto azul. Está lá.


Que filho da puta! O segurança também está lá.


Quem pegar aquela merda vai ser preso até examinarem o conteúdo. Já estarei na Itália escrevendo outra crônica. O senhor esguio, magro, feição inglesa, bermuda cinza e camisa listrada branca e azul deveria saber que não se deve deixar presente no JFK solto, como se fosse uma manobra de espião. Não à toa que nos perguntam se recebemos alguma embalagem de alguém no Aeroporto....perguntavam pelo menos...Eu é que não vou lá de novo ver se aquela porra do travesseiro azul está lá.


Senta-se agora a quarenta e cinco graus uma moça.


É do serviço secreto de segurança do Aeroporto. Certeza. Não tira o olho de mim. Está de mochila vermelha e cinza. Tem seus trinta e tantos anos. Tênis e calça de ginástica. Olhos tensos. Cabelo na altura do ombro. Usa Apple e não ouve música. Não carrega encosto de cabeça de avião.


Ai meu Deus, ela está vindo na minha direção...

Comentários


@2025 - Todos os Direitos Reservados - ANTES QUE EU ME ESQUEÇA - CRÔNICAS E ESCRITAS - From WWEBDigital

bottom of page