Atropelei uma galinha. Só no interior mesmo. Um galo na verdade. Só aí entendi que o joguinho que ajudava a galinha atravessar a rua tinha fundamento na realidade. Não escolheram a galinha à toa. Galináceo não sabe atravessar a rua. Vi penas pululando na frente do carro e depois escapou ileso pela sua lateral.
No banco de trás uma cadela que levei junto quando fui pegar minhas filhas para irem ao circo. Não saiu do banco de trás, era a primeira vez que a colocava no carro. Ah, depois fui checar. Viu, ela sempre vai no banco de trás.
É difícil para quem criou fila brasileiro se acostumar a cachorros de porte pequeno. Por um tempo tive desinteresse por eles. Pensava que cachorro de verdade é cachorrão; tem relevância na existência. É lógico que é uma estupidez sem tamanho. Os filas brasileiros são cães de guarda. Os pequenos são para fazer compania, digamos assim. Tá chato. Vou mudar de assunto. Fácil é escrever uns dois textos; manter esse hábito de uma crônica por sábado vem exigindo de mim percepção e rapidez. Depois que a idéia bate é preciso registrá-la e uma burilada.
Se bem que agora já ando recebendo sugestões, olhe, isso dá uma crônica, quem sabe um dia você não conta esse história. Ou aquela. Aqueloutra. Já me recomendaram escrever sobre sexo depois dos quarenta ou a quem cabe podar a trepadeira em jardim de condomínio de casas. Já me corrigem a gramática. A leitora, recém aprovada em primeiro lugar num concurso público do TJSP está com a gramática na ponta da língua.
Eis que eu escrevi idéia e a reforma tirou o acento da ideia. Erraram feio os reformistas. Ideia sem acento é como trepada sem gemido. Leia em voz alta idéia e ideia. Não acentuar europeia, heroico, assembleia ou geleia ainda vá lá. Mas idéia tem que ter acento. Já debulhei Sacconi e Napoleão. Quando mesmo foi a última reforma do inglês? Ah, não teve? O que precisamos é mais brasileiro na escola e menos intelectual tirando o acento da ideia. Idéia.
Vai, solta! Você trabalha com o português e escreveu idéia com acento? Um pecadilho. Ainda acho que o grande desafio dos Tribunais e dos gravatinhas que me cercam é ser conciso e menos prolixo. Ser claro; com foco no entendimento e na orientação.
Dias desses tive que traduzir uma encrenca jurídica infernal para um cliente. Jesus. Vejam um trecho de uma sentença qualquer, porém verdadeira: "A circunstância não significa reconhecimento do juízo acerca do entrave que se fez patente nos autos pela conclusão da perícia acerca da impossibilidade jurídica da condição pactuada, mas tão somente o reconhecimento de sua eficácia porque não levada pelas partes à apreciação a validação da cláusula acidental.".
Sim, é técnico. E somos nós quem devemos apertar a tecla SAP. Vai, solta. Por que não ser claro e ainda aplicar a reforma? Tive uma idéia, logo mais quando as idéias me faltarem eu vou postar uma crônica sobre as reformas e acordos ortográficos que nos perseguem desde o descobrimento.
Fui claro?
Antes que eu me esqueça: a elite europeia e heroica levou geleia na assembleia para lanchar no mesmo dia em que eu tive, num ímpeto, uma baita idéia. Tirem suas conclusões.
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