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o tapete

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 20 de jan de 2018
  • 3 min de leitura

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Não, não é o tapete voador para te transportar para a praia de areias perdidas ou para as brisas da montanha mágica; não. É um tapete de porta mesmo; capacho. Diz-se que alguém é capacho de outro quando este outro pisa nesse alguém. Primeiro surgiu o capacho dos pés, depois o capacho homem. Está sempre assim o homem a transformar as coisas brutalmente.


Eu cheguei em casa e meu capacho estava enrolado como um charuto, ao avesso. Encostado na porta e enrolado. Alguém não gosta de mim aqui; não é possível. Olhei na porta do vizinho e o capacho dele também estava enrolado como charuto, ao avesso. Mas será o Benedito. Sem mãos livres desenrolei com o pé. No dia seguinte chego e o charuto na minha porta. De mãos livres desenrolei com o pé. No terceiro dia ainda do elevador olho pela fresta para a porta; já mal-humorado. O rolinho primavera de Itu lá. Aí eu chutei mesmo o rolinho pra 10 jardas. Aproveitei e chutei o do vizinho também, pra evitar que ele se estressasse. Depois coloquei o capacho do vizinho no lugar; o meu não. Não havia risco de trocá-los, os capachos são diferentes.


Você conhece uma pessoa pelo capacho que ela usa. Pode reparar aí no teu vizinho. De manhã, quando trombar o vizinho pegando o elevador olha pra ele e olha pro capacho. Depois você olha pro capacho e olha pra ele de novo. Não tem erro; o capacho é a cara dele, do vizinho. No quarto dia fingi que não tinha capacho mas perguntei pra moça da limpeza:


- Viu...me mata uma curiosidade, por que vocês charutaram, enrolaram, fizeram um rolinho de primavera de Itu com o meu capacho?


- Não sei, são ordens. Me mandaram enrolar mas não me explicaram. Acho que é para deixar o piso secar mais rápido.


- Também acho, mas tanta água assim? Se puder confirmar que vai ser assim mesmo forever eu agradeço. Vocês enrolam e eu desenrolo.


Não usei a palavra forever. Pra quem passa o dia desenrolando problema o que é um charuto na porta; nada. Tire o capacho, diriam os pragmáticos. Não tiro. Virou diversão chegar em casa e chutar o capacho. Ontem consegui 12 jardas. Nada como ter a porta no final de um longo corredor. As manias só aumentam com a idade; não é que ficamos ranzinzas é que você já começa fazer as contas sabe, isso não faço; isso não vou perder tempo. Não é que você fica chato; você só aplica um filtro chamado conveniência e oportunidade; poder discricionário mesmo.


Intervalo.


Como as cenas de Vikings chegando nas baías nórdicas são incríveis. Eles não tinham medo de morrer em batalha. Odin, seu Deus principal, recebia os heróis mortos em combate, levados pelas Valquirías, que eram suas filhas, para Valhalla, um enorme salão com 504 portas em Asgard. Ele não recebia os covardes. Morrer em combate era uma honra. Ele aparecia às vezes no meio do povo como um velho andarilho, de cabeça baixa e com o rosto coberto. Quando Ragnar Lodbrok morre picado pelas serpentes, a mando do Rei Aelle, ele se entrega à morte sem pedido de clemência cristã; olhando para o velhote, para Odin.


O seu melhor amigo era um cristão franciscano, que lhe passou os ensinamentos de Cristo.


Um dos pontos altos da série é a conversa que ambos têm sobre as suas crenças. Aos poucos o Cristianismo chegou aos povos nórdicos e eles passaram a se dedicar mais à agricultura e à pesca.


Os Vikings não usavam capacho.


Como eu sei?


Olhei 87 fotos de casas típicas. Vai, solta, pode falar, tá com tempo sobrando né pra ficar contando fotos de casas Vikings! Elas eram simples, com interior de terra, onde dormiam toda a família, vinte, trinta pessoas. Inclusive escravos capturados nas invasões que faziam. Quem achar uma foto de casa Viking com capacho ganha um pint de artesanal e uma costelinha defumada no Roper Barbearia e BeerStore; Limeira; e quando for lá retirar diga-me se o sócio Rafael não lembra um Viking; nome aliás de um boa cerveja artesanal produzida em Limeira.


Antes que eu me esqueça; não vale a foto da casa do museu Vicking em Oslo; é um capacho moderno.

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