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a morte

  • Foto do escritor: Carlos Camacho
    Carlos Camacho
  • 25 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

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Gostaria de lembrá-lo nesta manhã de sábado que você vai morrer. Não se sabe como, nem quando. Um câncer, um acidente, dormindo ou acordado. Talvez um ataque cardíaco.


Não, não estou com fixação pela morte, tampouco crise de idade já que a vida começa aos quarenta. Na casa da minha avó materna, onde passei muito tempo da minha infância, havia um pedaço roliço de madeira escrito a vida começa aos quarenta. Ficava sobre a mesa da sala. Sou capaz de fotografá-lo com a minha lembrança.


Eu soube aos cinco que a vida começava aos quarenta, uma enorme vantagem. Talvez venha daí a minha dificuldade de planejamento de longo prazo, tinha muito tempo até a vida começar. Meu avô materno morreu de câncer. Minha avó materna morreu por ataque cardíaco. Meu avô paterno morreu de complicações pelo diabetes. Minha avó paterna morreu de morte morrida, de tempo decorrido. Foi mesmo até depois do meu pai, que morreu de ataque cardíaco.


Pois é, morremos. Morreremos. Você e eu, embora não saibamos a ordem exatamente.


É preciso lembrar deste evento da vida mundana. Não todo dia, nem toda semana. Todo mês nem pensar. Semestralmente talvez seja um período razoável. Afasta a tendência paranóica e evita que ela te pegue de surpresa. Eu particularmente não vejo problema no ato “morrer”, sucede é que você deixa de viver terrena e materialmente, aqui na terra digamos.


Fui lembrado pela morte no filme Uma razão para viver, Breathe, título original. Está em Cartaz por R$ 8,00 nas redes Cineflix. Que filme maravilhoso, conta a história de Robin Cavendish, paciente de poliomielite que decide viver fora do Hospital, numa época em que, com o corpo paralisado e um respirador mecânico, deitava-se à espera dela. Da morte. Você deitava e esperava. O amor da esposa o salvou. Ela o tirou de lá e ele viveu fora do hospital em razão de um respirador acoplado à cadeira. O filme foi produzido pelo seu filho Jonathan Cavendish. Que filme lindo. R$ 8,00 nas redes Cineflix. Ele não só sai do hospital, vai viver fora do Hospital. Ele vê seu filho crescer e, em dado momento, vão todos até para a Espanha, onde acontece uma cena maravilhosa que eu não vou contar, vai assistir o filme. R$ 8,00 nas redes Cineflix. Uma das cenas mais emocionantes que vi nas telas.


Nesse filme a morte permeia a história toda.


A vida permeia o filme o tempo inteiro.


O amor transforma a morte na vida. Amemos os teimosos movidos pelo amor. Amemos a coragem que tem os teimosos. O progresso é feito pelos teimosos, sem eles estaríamos quase na idade da pedra lascada. Ah, e falar em morte da pedra lascada, descobri um livro fantástico.


Homem é que nem a lua, vive de fases. Estou numas de ver e ler sobre a vida dos índios no Brasil; com destaque para Xingu que narra a história dos irmãos Villas Bôas. Na promoção da livraria, compre 3 e pague 2 ele veio de graça, 1499, o Brasil antes de Cabral, de Reinaldo José Lopes, cujo mote é: o passado não é mais como era antigamente.


De morte em morte chegamos ao presente. Chegamos até aqui matando muitos índios; nem seus pajés aos quais cabiam conectar o mundo espiritual como mundo mundano foram capazes de evitar pelas suas previsões a sua chegada. A dela, a morte.


Kuikuro.

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